Toda atividade de negócio só faz sentido quando visa lucro. E
no campo, quando pensamos em engorda e terminação isso não é diferente,
independente do sistema adotado.
Com custos cada vez mais altos a margens cada vez mais
apertadas é necessário fazer conta desde o início e definir a estratégia que
será adotada na operação.
A dificuldade é que o produtor muitas vezes não enxerga
dessa forma e segue o manejo que sempre fez, mas dependendo do preço da
reposição e dos insumos ele pode perder ou empatar o dinheiro no final do
processo.
Na criação de gado de corte isso é mais comum, pois muitos
criadores não tem a atividade como única fonte de renda e olha o negócio da
seguinte forma: retorno final versus investimento inicial. Entretanto, por ser uma
atividade de ciclo longo que só remunera no final, se não houver atenção a todo
o processo ele poderá perder o lucro da operação. Por isso a necessidade de observar
todos os elos deste ciclo produtivo sem deixar de lado os índices zootécnicos
para conseguir a margem final desejada.
Dito isso, quando falamos "o olho do dono é que engorda
o gado" o significado da máxima nos faz pensar no acompanhamento próximo
de todas as etapas da produção pecuária. No entanto, além de olhar a operação,
é necessário acompanhar o mercado, pois a compra da reposição e dos insumos
constituem o todo.
Ao falarmos dos índices zootécnicos não significa que os
melhores trazem o melhor resultado econômico, muito pelo contrário, definem
como iremos trazer os resultados financeiros positivos. Ou seja, não adianta
ter elevado ganho de peso se o boi terminar em um período de preço de venda
ruim, terminar ele rápido pode ser sinônimo de prejuízo, pois terá um péssimo retorno
na venda imediata. Outro caso é a retenção dos animais. Caso o pecuarista
resolva segurar a venda a situação pode se agravar, pois a diária de boi
terminado é mais cara. Em suma, se terminou o boi antes do desejado tem que
vender e se contentar com retorno menor. Manter esse boi até chegar o preço
desejado pode consumir toda a margem, neste caso, se tivesse ganho de peso
menor com diárias mais baratas conseguiria manter o boi mais tempo e esperar o
momento ideal de venda sem onerar no custo, isto porque ganhar um quilograma de
carne é mais barato que ganhar um kg de gordura.
Esse pensamento se repete em todos os sistemas quando
pensamos em crescimento e ganho de peso. Por isso entender de forma milimétrica
o processo aliado à genética e manejo são as bússolas para saber o quão economicamente
viável será o sucesso do negócio.
Alexandre Siqueira é zootecnista e Gerente da Unidade de Negócios Ruminante da Polinutri